quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Tarefa 1 Adoçante+Catalogação/Codificação

Fe diz:
Na minha versão da tarefa 1, precisava relacionar o objeto "adoçante" e a operação de "Catalogação/Codificação" do Projeto MegaCena. Eu poderia gerar qualquer tipo de síntese. Optei por montar um score para video, que seria adaptável também para cena. Criei os textos, selecionei os objetos e a movimentação a ser utilizada e montei as sequências. Aí está!

Score para Adoçante + Catalogação/Codificação

Pode ser executado em video ou cena.

Ações: catálogo de poses de propaganda* / brincar com cubo mágico / sorriso-machine diante da boca / comer carrinhos de plástico / segurar gorduras localizadas.

*poses de modelos de propaganda de adoçante: duas mãos na cintura bacia quebrada para o lado e sorriso amplo / braços abertos cabeça jogada para trás rindo de olhos fechados / língua passando pelos lábios e dedo apontando para baixo / segurando pires e xícara e sorrindo / dedo na boca sugando suavemente.

Sugestão de montagem (para video):

Quadro 1

Tela preta + duas entradas de texto abaixo em off:

Adoçante é como desodorante rolon, absorvente interno, vasilha de plástico levada ao microondas e rancor. Todos acusados – ainda sem provas conclusivas e talvez injustamente – de causar câncer.

Adoçante é como forno autolimpante. Vivem da promessa, os dois, de já trazerem em si a solução para os problemas em geral associados ao benefício que proporcionam.

Quadro 2

Tela focaliza só mãos mexendo no cubo mágico ferozmente. (poucos segundos)

Quadro 3

Uma pessoa entra em quadro (atrás tudo clean branco sempre) com roupas básicas. Começa a segurar gorduras com esmero. Depois de um tempo fazendo isso, fala o texto abaixo, continuando na mesma ação:

Tem uma poesia que o Tom Zé acabou de escrever, em homenagem ao Michael Jackson. Uma das estrofes diz: "Toda fiança que adoça a dança." Nesse contexto adoçar está sendo usado como metáfora.

Quadro 4

Vamos povoando aos poucos a tela com mais corpos se apertando. Passamos para a sequencia/improvisação em cima das poses de modelos de propaganda de adoçante: duas mãos na cintura bacia quebrada para o lado e sorriso amplo / braços abertos cabeça jogada para trás rindo de olhos fechados / língua passando pelos lábios e dedo apontando para baixo / segurando pires e xícara e sorrindo / dedo na boca sugando suavemente.

Compor viewpoints com esse repertório. (pessoas dispostas em diferentes perspectivas na sala em rel. à camera / corredores)

Quadro 5

Duas pessoas, plano médio. Fundo branco clean. Uma delas "come" carrinhos de plástico enquanto a outra narra o texto abaixo com o sorriso-machine.

Adoçante me lembra assepsia que me lembra álcool, que me lembra churrasco, que me lembra linguiça, que me lembra cachorro, que me lembra língua, que me lembra suor, que me lembra corrida, que me lembra a Lagoa, que me lembra a árvore de natal da Lagoa, que me lembra engarrafamento, que me lembra corredor de bebidas do supermercado, que me lembra geladeira, que me lembra os potes de plástico que podem causar câncer, que me lembra sujeira, que me lembra vassoura, que me lembra visita indesejada, que me lembra jogo de xícaras e bule, que me lembra minha vó, que me lembra biscoitos amanteigados, que me lembra feira, que me lembra carrinho de feira, que me lembra canela, que me lembra ginástica localizada, que me lembra culote, que me lembra quilos a mais, que me lembra adoçante.

Quadro 6

Volta tela focalizando só mãos mexendo no cubo mágico ferozmente. Mas o plano vai abrindo para mostrar a pessoa sentada que faz essa ação sentada de pernas cruzadas nesse ambiente branco, com o sorriso-machine abandonado ao seu lado. (talvez tb os carrinhos, estou em dúvida). Ela fala o texto abaixo ao longo de tudo isso:

O açucar não foi idéia nossa. Mas foi uma idéia tão boa – tão doce – que seduziu todo o Ocidente. Eu sou de Peixes, fico sensibilizada por essa intricada maneira alternativa de contar a história de como viemos a ser como somos: morremos pela boca. Mas também matamos pela boca. Quem provou o açucar faria de tudo – matar, usurpar ou escravizar – para ter, todos os dias e para sempre, doses e mais doses desse tempero sangrento (petulantemente branco!). A paz: branca é que não é.  Cena 1. Mimos e confortos hedonistas: torrão de açucar, luvas bordadas e cartolas. Ópera, petite fours e cigarrilha. Cena 2. Uma nação de obesos com controles remotos em punho comendo sneakers no sofá. Cena 3. Corpos suando na esteira, olhos vidrados na TV de plasma e o planeta dos diets e lights esperando na geladeira. Queremos uma vida doce.


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